sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os dons de Deus

 
Dia 30 de setembro fazemos memória do patrono da bíblia, São Jerônimo, um dos tradutores dos textos bíblicos, do original para o latim, formando a bíblia chamada de “Vulgata”. É a Palavra de Deus como sendo o grande dom, um caminho revelador da identidade de Deus, em Jesus Cristo. Aí encontramos a indicação dos dons divinos concedidos à pessoa humana.
Toda pessoa, além do dom da vida, é marcada pela presença da bondade de Deus, com habilidades para o bem de todos. Dons que não podem ser privatizados por práticas egoístas. Os bens materiais são dons de Deus e devem ser administrados de forma a propiciar vida digna para todas as pessoas. Deus pedirá conta de quem administra com injustiça.
Na administração dos dons, a prática deve ser de liberdade, evitando um poder centralizado, sem organização e função social e sem a participação da comunidade. Muitos administradores temem ser diminuídos em sua autoridade e, às vezes, são envolvidos por ciúmes, prejudicando o destino dos bens por causa de atos infantis.
A administração dos bens públicos pode revelar um alto grau de imaturidade e despreparo dos seus administradores. E eles são escolhidos através do nosso voto no dia das eleições. Mas não seria o nosso voto um ato de imaturidade, porque não escolhemos quem tem mais condição, preparo e dignidade para o cargo? Ainda é tampo para refletir sobre isto.
O poder do administrador não pode ser apenas para sua projeção social. Não devemos concordar com o “mau agir”, com a conduta errada, a cobiça, a inveja e a ambição. É necessário extirpar todo tipo de administração que vai contra os princípios do Evangelho, porque as consequências são desastrosas para o povo.
Os dons de Deus não podem ser acumulados em poucas mãos. A injustiça social é uma grande ofensa ao Criador. A riqueza centralizada provoca insensibilidade e exploração das pessoas. Onde domina a injustiça e a desonestidade, temos como fruto a violência e a morte. É um desvio de destino dos bens de Deus.
"Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor"... (Sl 119)
 
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Arquidiocese de Uberaba elabora manual que orienta católicos para as eleições 2012

O arcebispo dom Paulo Mendes Peixoto repassou ao clero arquidiocesano nesta sexta-feira (14) manual que visa orientar os leigos quanto às eleições municipais de 2012. São cerca de 50 mil panfletos que deverão chegar aos fiéis a partir deste final de semana, dias 15 e 16 de setembro, ao final das missas.
 
Cumprindo missão pastoral dom Paulo passa uma séria de orientações visando ajudar o fiel no ato do voto. Dentre outras coisas, o arcebispo conclama o católico para que participe do pleito e vote. Ele orienta ainda para que as pessoas evitem votar em branco ou nulo. No manual dom Paulo pede para que o eleitor vote em quem conhece, em pessoas comprometidas com a verdadeira função dos Poderes Legislativo e Executivo, ressaltando que os postulantes devam ser promotores do bem comum. O bispo ainda chama atenção do fiel para que vote apenas em candidatos “ficha limpa”.
 
O panfleto com 10 itens orienta também os católicos para que não venda o voto e nem o troque por favores. O arcebispo afirma inclusive, que fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, a Justiça Eleitoral. Encerrando o arcebispo uberabense pede ao povo para que vote com consciência e liberdade, para que questione os candidatos e vote naqueles que respeitem as convicções religiosas e morais dos cidadãos, seus símbolos e a livre manifestação da fé. Dom Paulo termina solicitando para que o eleitor fique de olho e anote as propostas dos postulantes para que após a votação cobre coerência dos eleitos.

Rubério Santos /Assessor de Imprensa

Ser porta-voz

Estamos num momento significativo na história da sociedade. Teremos que votar novamente, colocando em prática nosso direito de cidadãos brasileiros. Com isto vamos escolher todos os nossos próximos representantes no poder executivo e legislativo dos diversos municípios. Cada eleito vai agir como nosso porta-voz e em nome do povo de seu município.


É hora de pensar em duas palavras decisivas: fé e fidelidade. Isto significa autenticidade, fato que não tem sido levado em conta em nosso país. Muitos políticos não são tementes a Deus, mas infiéis, carreiristas e não se colocam a serviço do bem comum. O povo sofre com isto e acaba assistindo atitudes de desonestidade.


O poder, verdadeiramente constituído, vem de Deus, mas isto passa pela ação livre dos eleitores. Significa que a autoridade escolhida não tem real poder se foi eleita por quem não tenha agido, na hora de votar, com plena liberdade. Comprar e vender o voto não significa liberdade plena, não é ato totalmente divino e não é voto com nobreza e consciência madura.


Todo candidato, nas eleições, procura se apresentar bem, com boa aparência e propósitos muito firmados. Mas acontece que há uma mentalidade de triunfo e muito individualista. Ela esconde interesses que não são os do povo. É como falar de fé sem obras, aparências que tentam convencer, mas privilegiam interesses próprios ou de grupos particulares.


Na verdade, ser porta-voz é ser luz para o povo. Isto é diferente de ser opressor, que tira a esperança e a alegria das pessoas. Por outro lado, o povo quase não acompanha e nem é resistente diante das atitudes dos políticos eleitos. É cômodo ser passivo porque agir supõe coragem e enfrentamento.

Não podemos ser cristãos apenas de bons sentimentos e intenções, porque a fé exige fidelidade e compromisso bem definidos, principalmente nos momentos decisivos da sociedade. Não basta confessar a fé, como o fez Pedro diante de Cristo. Temos que enfrentar as diversidades e maldades que impedem a realização do bem. É um caminho de cruz, de maturidade e coragem.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

Mês da Bíblia

 
A Igreja Católica tem dado especial destaque para o Livro Sagrado, de maneira toda especial, no mês de setembro, tendo como referência o patrono da bíblia, São Jerônimo, cuja memória é celebrada no dia 30 desse mês. Lembramos também a Semana da Pátria, torcendo sempre por um país preocupado com a liberdade e as condições dignas de seu povo.
Numa Nação de imensos contrastes e desigualdades sociais, a Palavra de Deus seja tomada como ponto de convergência. Ela consegue abrir caminho para encurtar as distâncias entre quem acumula e quem vive marginalizado, seja cego, surdo, coxo, mudo ou os desprovidos do essencial para uma vida digna e saudável.
Num desenvolvimento autenticamente sustentável, que ocasiona o bem para o seu povo, não pode haver acepção de pessoas, tratando o de “anel de ouro e bem vestido” com privilégios e o pobre, de roupa surrada, com ostracismo e no abandono. Não podemos agir com critérios injustos, sabendo que a injustiça é fonte de desqualificação da vida, causando morte.
A prática de Jesus foi sempre aquela de acolhida, de valorização e respeito pela pessoa humana. Por isto era muito procurado pelos carentes e deficientes de seu tempo, e curava a todos, dando-lhes condição de normalidade e vida digna. Fez surdo ouvir e mudo falar. Não via nisto uma ação anormal e de vaidade, mas sim a realização do bem.
A bíblia é o livro de excelência, da verdade, livro da Palavra e não da “letra”. A verdade e a Palavra vão além do livro, porque devem estar presente no coração de cada pessoa, marcando sua vida e qualificando seu modo de proceder. É inadmissível a mentira, os atos desonestos e ações travestidas de aparente verdade.
Deixemos que a Palavra de Deus caia profundo em nossos corações e em nossas mentes. Assim a vida será melhor, com mais coragem e motivação para construir uma cultura de paz, de superação das influências maléficas da sociedade secularista e destruidora. Tenhamos a Palavra como fonte de vida fraterna e solidária.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.